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Ministério das Relações Exteriores
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Minuta de despacho enviado para José Carlos Mayrink da Silva Ferrão (1771-1846), com data de 14 de dezembro de 1825, acusando o recebimento do ofício de n° 9, datado de 20 de novembro de 1825, que continha cópias de correspondências com cônsules estrangeiros e discorrendo sobre questões envolvendo embarcações inglesas.

José Carlos Mayrink da Silva Ferrão (1771-1846), era um proprietário rural e político brasileiro. Filho do capitão Baltazar João Mayrink e Maria Joaquina Doroteia de Seixas, ele também adotou o nome de família Silva Ferrão. Foi estudar no Rio de Janeiro, onde conheceu Caetano Pinto de Miranda Montenegro, governador nomeado de Mato Grosso, de quem se tornou secretário. Quando Montenegro foi transferido para Pernambuco, em 1804, José Carlos o acompanhou, continuando como secretário, permanecendo no cargo até 1817. Envolvido na Revolução Pernambucana de 1817, ele fugiu para o exílio em Paris. Voltando ao Recife, após a Independência do Brasil, foi nomeado como primeiro presidente da província de Pernambuco em 1824, permanecendo até 1826, quando viajou para a corte imperial para assumir o cargo vitalício de senador do Império do Brasil, de 1826 a 1846. Ele reassumiu o cargo de presidente da província, voltando a administrá-la em 1827 a 1828. Junto a isto, também foi coronel de Milícias da Cavalaria do Cabo e, coronel da Guarda Nacional.

As relações entre Brasil e Inglaterra, durante o século XIX, foram marcadas por uma série de episódios de cooperação e tensão, refletindo as dinâmicas complexas da política internacional da época. O apoio inglês ao processo de independência do Brasil em 1822, ao mesmo passo que se manteve como parceira de Portugal, foi um dos principais pontos de cooperação. A Inglaterra, interessada em expandir seus mercados e influências na América Latina, foi um dos primeiros países a reconhecer a independência brasileira, estabelecendo rapidamente relações comerciais e diplomáticas. Esse reconhecimento não foi apenas um ato de apoio, mas também uma estratégia para garantir acesso privilegiado aos recursos e mercados brasileiros. O Tratado de Comércio e Navegação de 1827 é um exemplo de como essa relação se consolidou, garantindo benefícios mútuos em termos de tarifas alfandegárias e acesso aos portos. Para fortalecer os laços, ambos os países mantinham diplomatas e cônsules nos respectivos territórios, facilitando a comunicação e a resolução de conflitos emergentes.
No entanto, essa relação também foi marcada por episódios de tensão, especialmente em relação ao tráfico de escravos. A Inglaterra, que havia abolido o comércio de escravos em 1807 e a escravidão em 1833, pressionou o Brasil a seguir o mesmo caminho. A Lei Feijó de 1831, que declarava livre todos os africanos desembarcados no Brasil, foi uma resposta às pressões internacionais, mas sua aplicação foi negligenciada, resultando em atritos contínuos. A intervenção mais direta da Inglaterra veio com a Lei Bill Aberdeen de 1845, que autorizava a Marinha Real a apreender navios negreiros em águas brasileiras. Esse período de intensa pressão culminou na promulgação da Lei Eusébio de Queirós em 1850, que efetivamente acabou com o tráfico transatlântico de escravos para o Brasil. Esse episódio ilustra como a questão do tráfico de escravos foi um ponto de significativa tensão nas relações bilaterais, levando a confrontos diplomáticos e ações diretas por parte da Inglaterra, mesmo com a presença de diplomatas e cônsules que tentavam mediar tais conflitos.

Não consta