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Relatório do tesoureiro João Henrique Ulrich (s.d.) apresenta relação das pessoas que subscreveram para solenizar em Lisboa as vitórias alcançadas pelo exército brasileiro na Guerra do Paraguai. Constam 65 nomes que contribuíram com diferentes valores para tal fim. Também detalha a conta da receita e despesa a cargo da comissão que foi encarregada de solenizar em Lisboa as vitórias do exército brasileiro na Guerra do Paraguai, sendo a receita oriunda, principalmente, de contribuições clérigas.

A Guerra do Paraguai (1864 - 1870) foi um conflito entre Brasil, Argentina, Uruguai e o Paraguai, países localizados na América do Sul. A guerra pertence ao contexto de consolidação dos estados nacionais latinoamericanos que se formaram ao longo do século XIX, com a crescente tensão entre o império brasileiro e as repúblicas argentina, uruguaia e paraguaia. Por se tratar de um episódio histórico de grande importância, a Guerra do Paraguai tem sido fruto de constantes revisões historiográficas.
Em termos gerais, a narrativa histórica tradicional, sob a perspectiva brasileira, toma como início da guerra a invasão do Mato Grosso pelo presidente do Paraguai Francisco Solano López (1827 - 1870). Por sua vez, os paraguaios justificam seu movimento em virtude de restrições da livre navegação dos rios que deságuam no Atlântico e da intervenção brasileira na sucessão presidencial uruguaia, pondo fim ao governo de Atanásio Aguirre (1801 - 1875).
O desenrolar da guerra contou com a assinatura do Tratado da Tríplice Aliança, que selou um acordo de participação na guerra do Império do Brasil e as Repúblicas da Argentina e Uruguai. Dentre os argumentos para a formação dessa aliança, estava a rejeição às iniciativas consideradas excessivamente militaristas do Paraguai, e a necessidade de libertar o povo paraguaio da ditadura de Solano López.
Ao longo da construção da história do conflito, Solano López foi caracterizado como um tirano que sacrificou seu povo à revelia do bem-estar paraguaio mesmo quando a guerra se encaminhava para o fim. Em paralelo, o Brasil foi pintado como principal mantenedor das campanhas militares, com maior comprometimento estatal, inclusive com a presença dos Voluntários da Pátria com a promessa de liberdade a escravizados. Ainda, são creditados ao Brasil sucessivos horrores cometidos contra a população civil paraguaia nos momentos derradeiros da guerra, quando da ausência de soldados treinados e da utilização de crianças nas frentes de batalha.
Os resultados da guerra foram distintos para os países envolvidos. O Paraguai ficou destruído pelo conflito, perdendo territórios sobretudo para a Argentina e tendo a maior parte de sua população masculina dizimada. Tanto Argentina quanto Uruguai tiveram um vivo incremento comercial por serem importantes entrepostos para abastecimento de víveres e manutenção de comunicações que circulavam pela Bacia do Rio da Prata, além de experimentarem maior maturidade militar com o treinamento e organização de suas tropas. Já para o Brasil, o resultado foi paradoxal: ao mesmo tempo que fortaleceu a imagem da monarquia em virtude da vitória contra o Paraguai, desgastou-a, pelo aumento de importância de setores do Exército na política nacional, com pleitos de maiores direitos frente às classes políticas tradicionais e pelas críticas enfrentadas especialmente no tema da escravidão, de onde advinham grande parte de seus soldados.

João Henrique Ulrich