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Despacho enviado por Francisco José de Sousa Soares de Andrea (1781-1858) para Sérgio Teixeira de Macedo (1809-1867), Encarregado de Negócios do Brasil em Portugal, em data de 31 de março de 1838, relatando que a ordem está sendo restabelecida na Província do Pará e que os rebeldes estão sendo controlados. Por último, Francisco José de Sousa Soares de Andrea também comunica que envia um exemplar da fala que dirigiu à Assembleia Legislativa da Província por ocasião da sua abertura.

A Cabanagem foi uma rebelião regencial que ocorreu na província do Grão-Pará, no norte do Brasil, entre 1835 e 1840. Esse movimento teve como principais motivos a extrema desigualdade social, a exploração econômica e a exclusão política que afetavam a maioria da população da região. A situação era agravada pela insatisfação com o governo central do Rio de Janeiro, que era visto como distante e insensível às necessidades locais. A crise econômica, a pobreza e as doenças que assolavam a província também contribuíram para o clima de insatisfação e revolta.
Os setores sociais envolvidos na Cabanagem eram chamados de cabanos, que eram índios, negros, mestiços e brancos pobres que viviam em condições precárias nas margens dos rios e nas florestas do Pará. Esses grupos eram marginalizados e excluídos das decisões políticas e dos benefícios econômicos da região. Além dos cabanos, a rebelião também contou com a participação de setores da classe média urbana, como pequenos comerciantes e profissionais liberais, que se uniram aos cabanos em busca de mudanças sociais e políticas. Os líderes mais notáveis da Cabanagem foram Antônio Vinagre, Eduardo Angelim e Félix Malcher.
Os objetivos da Cabanagem eram ambiciosos e abrangiam desde a melhoria das condições de vida da população pobre até a maior autonomia política e econômica para a província do Grão-Pará. Os rebeldes queriam um governo que representasse os interesses locais e fosse capaz de implementar reformas sociais e econômicas. A revolta começou em janeiro de 1835, quando os cabanos tomaram a cidade de Belém, a capital da província, e instauraram um governo provisório. No entanto, a reação do governo central foi rápida e violenta. Após vários confrontos e a repressão brutal por parte das forças imperiais, a rebelião foi finalmente sufocada em 1840.
O desfecho da Cabanagem foi trágico. Estima-se que cerca de 30 a 40 mil pessoas morreram durante os conflitos, o que representava uma parte significativa da população do Grão-Pará na época. Os líderes da rebelião foram capturados ou mortos, e a província foi submetida a uma rígida repressão militar. Apesar da derrota, a Cabanagem deixou um legado importante, revelando as profundas desigualdades e injustiças sociais do Brasil Imperial e inspirando futuras lutas populares por direitos e justiça social.

Francisco José de Sousa Soares de Andrea